TALENTO E POLÊMICAS
Caetano em arte de grafite em Santo Amaro da Purificação
Um dos três mais importantes nomes da MPB chega aos 70 anos
nesta terça-feira: Caetano Veloso, o filho de Dona Canô, nascido em
Santo Amaro da Purificação/BA em 07/08/1942. Em 1960, mudou-se com a
família para Salvador, onde concluiu o colegial (atual ensino médio).
Entre os anos de 1960 e 1962, escreveu críticas de cinema para o "Diário
de Notícias". Neste mesmo período, aprendeu a tocar violão e cantou com
a irmã Maria Bethânia em bares de Salvador. Ingressou na Faculdade de
Filosofia, da Universidade Federal da Bahia, em 1963. Ainda neste ano,
conheceu e tornou-se amigo do ídolo que já admirava pela TV, Gilberto
Gil, apresentado pelo produtor Roberto Santana. Conheceu também Gal
Costa, ainda chamada de Maria da Graça, e Tom Zé.
Santo Amaro, que fica a pouco mais de 60 Km de Salvador, parou no tempo.
Tinha pouco de 50 mil pessoas quando Caetano nasceu e hoje não conta
com mais de 60 mil habitantes. Talvez por isso mesmo a cidade conserve
tão bem a memória do seu filho mais ilustre: redações de Caetano quando
jovem estão nas bibliotecas à disposição de todos. A Câmara de
Vereadores instituiu uma comenda com seu nome, a belíssima medalha
Caetano Veloso. O nome Caetano está em todas as bocas e becos. Quando se
fala em valorizar artistas que nasceram em seu solo, a Bahia está em
primeiro lugar, isso é inquestionável!
Para o Brasil, Caetano Veloso apareceu quando se dirigiu ao Rio de
Janeiro para acompanhar a irmã Maria Bethânia que substituiu a cantora
Nara Leão no show Opinião, quando ela se consagrou cantando “Carcará”.
Isso foi em 1964. Ele tinha 22 anos. Mas ela não deixou o irmão de fora e
pela primeira vez, na voz de Bethânia, o país ouviu versos musicados de
um compositor de muito talento:
“... mas a flor amada é mais que a madrugada/ e foi por ela que o galo cocorocou...”
Seu primeiro trabalho musical foi a composição da trilha sonora da peça
de Nelson Rodrigues "O boca de ouro", da qual participou também como
ator. O diretor baiano Álvaro Guimarães, que o dirigiu nesta montagem, o
convidou para compor a trilha de outra peça, "A exceção e a regra", de
Bertolt Brecht. Depois disso, em 1965, numa festa no apartamento de
Olívia Leuenroth, no Morro da Viúva, o ainda irmão menos famoso de
Bethânia apareceu, tocou, cantou e encantou os convidados, muitos deles
do meio artístico, quando ouviram sua voz nesses versos que compôs:
“De madrugada/ Quando o sol cai dendágua/ Vou mandar te buscar/ Ai quem
me dera/ Voltar quem me dera um dia/ Meu Deus não tenho alegria/ Bahia
no coração”.
A partir daí Caetano começou a ser paparicado pelos artistas que viam
nele um grande talento. Ele só estava cansado daquela vida no Rio de
Janeiro como acompanhante da irmã. Voltou pra Bahia, abandonou a
faculdade e conheceu João Gilberto. Regressou ao Rio no mesmo ano de
1965 e teve seu primeiro registro como compositor com a gravação de sua
canção "É de manhã", lançada em compacto simples por Maria Bethânia,
pela RCA Victor. O compacto, que continha também "Carcará", projetou
nacionalmente a cantora. Em maio desse mesmo ano, Caetano gravou seu
primeiro compacto simples, com suas composições "Cavaleiro" e "Samba em
Paz", também pela RCA Victor. Participou ao lado de Gilberto Gil, Gal
Costa, Maria Bethânia, Tom Zé e Pitti, do espetáculo "Arena canta
Bahia", dirigido por Augusto Boal e apresentado no TBC, antigo palco do
Teatro Brasileiro de Comédia, em São Paulo.
Em 1966, Caetano concedeu uma entrevista à "Revista Civilização
Brasileira" e enfatizou a necessidade da "retomada da linha evolutiva da
música popular brasileira" a partir das lições mais fundamentais da
Bossa Nova. Em junho desse mesmo ano, participou do II Festival Nacional
de Música Popular Brasileira (TV Excelsior), com sua canção "Boa
palavra", defendida por Maria Odette, classificada em quinto lugar. Em
outubro desse mesmo ano, recebeu o prêmio de Melhor Letra no II Festival
da Música Popular Brasileira (TV Record), com a canção "Um dia".
Em 1967, já mereceu metade de um LP de doze faixas, dividindo o disco
“Domingo” com Gal Costa. A gravadora Phillips achava que eles ainda não
tinham nome para um disco inteiro. É nesse disco que constam as músicas
“Avarandado” e “Remelexo”, composições dele. Ainda em 1967,
apresentou-se no III Festival da Música Popular Brasileira (TV Record),
com a marcha "Alegria, alegria", que interpretou acompanhado pelas
guitarras elétricas do conjunto argentino Beat Boys. A música foi
classificada em quarto lugar. Nesse mesmo festival, "Domingo no parque"
reuniu Gilberto Gil, Rogério Duprat e Os Mutantes. Segundo Caetano, isso
era "a base do som tropicalista". Sua admiração por João Gilberto e
pela Bossa Nova era tanta, que a necessidade de criar algo novo era
latente: "A gente não queria ficar fazendo sub-Bossa Nova depois do João
e do Tom".
Sob a influência da Jovem Guarda e dos Beatles, nasceu o Tropicalismo,
movimento de vanguarda que abalou as estruturas musicais e culturais de
então. As canções "Domingo no parque" e "Alegria, alegria" retomaram a
"linha evolutiva" da música brasileira a qual o compositor se referia no
depoimento publicado na revista acima citada.
Em 1968, gravou seu primeiro LP individual, "Caetano Veloso", com
arranjos de Rogério Duprat e acompanhamento dos conjuntos RC-7 e Os
Mutantes. Participou dos programas de televisão "A buzina do Chacrinha" e
"Jovem Guarda". Nesse mesmo ano, lançou um compacto simples com a
leitura tropicalista de "Yes, nós temos bananas" (João de Barro e
Alberto Ribeiro).
Em 1968, também, lançou o LP-manifesto “Tropicália” ou Panis et
circensis", ao lado de Gilberto Gil, Gal Costa, Tom Zé e os
poetas-letristas tropicalistas Torquato Neto e Capinam, além dos
maestros e arranjadores Rogério Duprat, Júlio Medaglia e Damiano
Cozzella, firmando as bases do Tropicalismo.
Em setembro desse mesmo ano, foi realizado no Teatro da Universidade
Católica (SP), o histórico III Festival Internacional da Canção (FIC/TV
Globo), no qual o compositor, vaiado ao apresentar "É proibido proibir",
vociferou um discurso contra a platéia e o júri: "Vocês não estão
entendendo nada (...) O júri é muito simpático mas incompetente". A
canção foi desclassificada e saiu em compacto simples.
Ainda em 1968, Gal Costa interpretou, no IV Festival da Música Popular
Brasileira (TV Record), sua canção "Divino maravilhoso", que ficou em
terceiro lugar. Nesse mesmo evento, Caetano defendeu como intérprete
"Queremos Guerra", de Jorge Benjor (na época Jorge Ben). Também nesse
ano, estreou na TV Tupi de São Paulo o programa "Divino Maravilhoso",
com todo o grupo tropicalista.
Também em 1968, Caetano foi impedido de participar da I Bienal do Samba,
na TV Record, São Paulo, por utilizar acompanhamento de guitarra
elétrica no ritmo. Disseram os censores que ele queria esculhambar com
as raízes do samba. Seu samba "A voz do Morto" foi lançado em compacto
duplo. A música foi censurada e o disco recolhido das lojas. A música
foi feita a pedido de Aracy de Almeida que a gravou e depois foi
magistralmente regravada por Geraldo Azevedo em 1985.
Em dezembro de 1968, mais um compacto simples foi lançado com o seu
frevo "Atrás do trio elétrico" e a canção "Torno a repetir", de domínio
público. No dia 27 de dezembro, foi preso juntamente com Gilberto Gil
sob o pretexto de desrespeito ao hino e à bandeira do Brasil. Foram
levados para o quartel do Exército de Marechal Deodoro, no Rio de
Janeiro, permanecendo detidos por dois meses. Para os milicos de então,
Caetano e Gil eram “falsos à bandeira”, o que no linguajar machista da
caserna significava que os dois eram “bichas”.
Em fevereiro de 1969, após Nelson Motta abrir o bico no carnaval de
Salvador para dizer que enquanto a Bahia pulava ao som de “Atrás do Trio
Elétrico”, seu autor e Gil estavam presos no Rio de Janeiro, os dois
foram soltos na quarta-feira de cinzas, porém em regime de confinamento,
seguindo para Salvador. Nos meses de abril e maio desse ano, Caetano
gravou as bases de voz, com o acompanhamento de Gil ao violão, para seu
novo disco "Caetano Veloso". Essas bases foram posteriormente arranjadas
por Rogério Duprat, que também dirigiu as gravações em São Paulo. Nos
dias 20 e 21 de julho, apresentou com Gilberto Gil o show de despedida,
antes de embarcarem junto com suas mulheres, as irmãs Dedé e Sandra
Gadelha, para o exílio na Inglaterra. As vacas fardadas não permitiam a
presença deles no país por serem prejudiciais à moral da juventude. A
realização do show só foi liberada devido à necessidade de arrecadação
de fundos para as passagens aéreas e estadia nos primeiros meses de
exílio. Foi ali que Caetano cantou a música “Irene”. Fixaram-se em
Londres, no bairro Chelsea. O espetáculo de Salvador veio a
transformar-se, três meses mais tarde, no disco "Barra 69". Em agosto,
foi lançado o disco "Caetano Veloso", o primeiro álbum que não trazia
sua foto na capa. Em novembro, foi lançado o compacto simples com
"Charles, anjo 45", de Jorge Benjor, e a canção intitulada "Não
identificado", de Caetano. Mesmo no exílio, sua produção não parou.
Em 1970, enviou artigos para o jornal carioca "O Pasquim", além de
canções para Gal Costa ("London, London" e "Deixa sangrar"), Maria
Bethânia ("A tua presença morena"), Elis Regina ("Não tenha medo"),
Erasmo Carlos ("De noite na cama") e Roberto Carlos ("Como dois e
dois"). Apresentou-se em palcos da Inglaterra e de outros países da
Europa. Ainda em 1970, lançou o LP "Caetano Veloso" pelo selo Famous
(Paramount Records), seu primeiro disco no exílio.
Em janeiro de 1971, retornou ao Brasil para assistir à missa
comemorativa dos 40 anos de casamento de seus pais, obtendo permissão
para ficar um mês fora do exílio. No Rio, foi interrogado por militares
que pediram para que fizesse uma canção elogiando a rodovia
Transamazônica, na época em construção, ao que se negou. Nesse período,
apresentou-se no programa "Som Livre Exportação" (Rede Globo). Em junho,
o disco gravado na Inglaterra foi lançado no Brasil, para onde retornou
novamente em visita à família. Nessa ocasião, apresentou-se na TV Globo
e na TV Tupi, em um programa ao lado de Gal Costa e João Gilberto.
Gravou o frevo "Chuva, suor e cerveja" para o Carnaval do ano seguinte.
De volta a Londres, gravou mais um LP pelo selo inglês, o "Transa". Em
dezembro, foi lançado no Brasil o compacto duplo "O Carnaval de
Caetano".
Em janeiro de 1972, voltou definitivamente ao Brasil e lança o LP
"Transa". No dia seguinte ao retorno do exílio, apresentou o show de
mesmo nome, ao lado de Gil, no Teatro João Caetano (RJ). Nesse show,
Caetano e Gil provocaram os militares cantando: “xô, xuá/ Cada macaco no
seu galho/ Xô, xuá/ Não me canso de falar/ Xô, xuá/ O meu galho é na
Bahia/ Xô, xuá/ O seu é em outro lugar”. A música era do conterrâneo
Riachão. Estreou também no TUCA (SP) e percorreu outras grandes cidades
do país. Com visual hippie, chocou parte do público que se acostumava à
moral dos milicos, ao se apresentar imitando trejeitos de Carmen
Miranda. Em novembro, dirigiu a produção do LP "Drama - anjo
exterminado", de Maria Bethânia. Compôs a trilha de "São Bernardo", de
Leon Hirszman, premiada no ano seguinte como Melhor Música do Festival
de Cinema de Santos. Nos dias 10 e 11 de novembro, apresentou-se, ao
lado de Chico Buarque, no Teatro Castro Alves, em Salvador. O show teve
participação do grupo vocal MPB-4 e gerou o LP "Chico e Caetano juntos e
ao vivo".
Como esta crônica não tem a pretensão de se tornar um livro sobre a vida
de Caetano Veloso, passo daqui pra frente a citar as músicas e discos
mais importantes de sua carreira e as grandes polêmicas em que se
envolveu. Não se pode escrever sobre a arte de Caê em dez linhas.
Segundo os críticos dos críticos, os dez discos mais importantes da sua vasta e rica obra, são:
01. Caetano Veloso - 1969
02. Transa - 1972
03. Joia - 1975
04. Bicho – 1977
05. Muito - 1978.
06. Cinema transcendental - 1979.
07. Uns - 1983
08. Estrangeiro - 1989.
09. Circuladô - 1991.
10. Livro - 1997.
Isso não significa que você encontre necessariamente suas músicas
preferidas nesses discos acima citados. Em todos os seus discos há
criações geniais. Desde Aracy de Almeida até Maria Gadú, as cantoras do
sexo feminino, em geral, são doidas por ele. Fiquei emocionado dias
atrás com um vídeo da minha querida Ângela Maria, já com os sinais de
tempo impregnados na sua face e voz, cantando (abaixo do seu tom) uma
canção d
esse cara. Não só ela, as músicas dele foram gravadas por
gatas extraordinárias.
A grande Gal Costa, hoje também já cantando abaixo do seu tom, foi
responsável por grandes momentos do disco brasileiro com canções de
Caetano. Não tenho como negar que isso me dá um certo
saudosismo. Sim, porque Caetano vai da Lua de São Jorge ao Eclipse Oculto. Tem as suas
tempestades solares, mas isso é o de menos!
Grandes momentos de Caetano na TV existem aos montes, porém eu
selecionei apenas um, uma apresentação dele no Fantástico de 1982, aos
40 anos, cantando uma de suas mais belas composições, na minha modesta
opinião: “
Queixa”. Tinha 40 anos e ainda parecia um “menino do Rio”!
As polêmicas em que Caetano Veloso se envolveu revelam muito do lado
hilário da sua personalidade. A mais famosa delas foi com o jornalista
culto e chato chamado Paulo Francis, já falecido. A desavença aconteceu
em junho de 1983 e teve como pivô o vocalista dos Rolling Stones, Mick
Jagger. Convidado pela Rede Manchete, Caetano Veloso entrevistou o astro
do rock. Só que o resultado desagradou ao crítico Paulo Francis, que
escreveu o artigo “Caetano, pajé doce e maltrapilho”, no qual
classificava a atitude do baiano durante a entrevista como submissa e
amadora. Caetano rebateu: “Agora o Francis me desrespeitou. Foi
desonesto, mau-caráter. É uma bicha amarga. Essas bonecas travadas são
danadinhas”. Falou isso em uma coletiva de imprensa. Isso causou um rebu
tão danado que a “Ulustrada” da Folha de São Paulo saiu em busca de
opiniões para saber de intelectuais e artistas de que lado eles se
colocavam. Os entrevistados tinham que responder à seguinte pergunta:
“Quem faz mais a sua cabeça, Paulo Francis ou Caetano Veloso?” Algumas
respostas proporcionam ainda hoje boas gargalhadas:
AUGUSTO DE CAMPOS, poeta e tradutor: "Não tem dúvida: sou 100% Caetano".
JÚLIO MEDAGLIA, maestro e um dos inventores do tropicalismo: "Neste
momento, Paulo Francis é mais criativo. Ultimamente, Caetano só tem
feito boleros".
CARLOS BRICKMAN, jornalista, editor de economia da Folha: "Entre os dois, graças a Deus fico com Millôr Fernandes".
HENFIL, cartunista: "Paulo Francis. Pela sabedoria, pelo compromisso com
as outras pessoas e pelo seu orgulho de ter sido preso por suas idéias,
enquanto Caetano se envergonha disso. Caetano diz que não lê jornais,
mas é capaz de citar o dia e a página de qualquer jornal que tenha
falado mal dele, mesmo que seja a 'Gazeta de Nanuque'. E eu gosto mais
da música do Francis".
JOSÉ ARTHUR GIANNOTTI, filósofo e professor: "Os dois não fazem nem o meu pé, quanto mais a minha cabeça".
CASAGRANDE, centroavante do Corinthians: "Caetano Veloso. É um poeta.
Gosto também do comportamento dele, que é agressivo com a sociedade.
Aliás, como o meu".
GERALDO MAYRINK, jornalista, editor-assistente de IstoÉ: "Paulo Francis -
porque, pelo menos, nunca pediu a minha cabeça, como fez o outro. Além
disso, Francis se tornou um dos maiores entertainers do nosso show
business".
WASHINGTON OLIVETTO, publicitário: "Que país mais chato este, em que os inteligentes brigam e os burros andam de mãos dadas!".
CLODOVIL, costureiro: "Eu, hein? Nesse angu, eu não me meto!".
JOSÉ GUILHERME MERQUIOR, diplomata, ensaísta e acadêmico: "Não gosto da
expressão 'fazer a cabeça'. Acho-a alienada. Quem faz as minhas idéias,
com muita dificuldade, sou eu mesmo. Não tenho nada a considerar sobre
esses dois personagens".
JOSÉ MIGUEL WISNIK, professor de literatura: "Cada um de nós faz a sua
própria cabeça, mas as sete faces do Caetano ressoam mais em mim do que a
cabeça de papel do Paulo Francis".
MILLÔR FERNANDES, pensador e humorista: "Olhem, não me meto em briga de baianos".
ZIRALDO, teatrólogo e humorista: "Sou Caetano. Mas não assumo".
A verdade é que a arte de Caetano Veloso sempre andou de mãos dadas com
questões menores que o talento dele deveria ter levado em consideração
antes de se expor tanto:
“A resposta de Claudio Tognolli a Caetano Veloso, publicada hoje à tarde
incendiou o debate na globosfera brasileira. Tognolli cunhou a
expressão “máfia do dendê”, segundo ele numa entrevista a revista “Caros
Amigos”. Segundo Caetano, Tognolli tem pouco talento e escreveu o livro
de Lobão, que seria uma espécie de analfabeto. Tognolli acusa Caetano e
Gil de terem mandado patrões da mídia brasileira demitirem jornalistas.
É inacreditável!”
A resposta do parceiro de Raul Seixas, o baiano Marcelo Nova, ao site
Terra não deixa dúvidas quanto a isso: Terra Música - Você não costuma
ser covarde em suas declarações, então vou aproveitar. Você, que é
baiano, já ouviu falar na expressão "Máfia do Dendê"? (designação dada
pelo jornalista Cláudio Tognolli para uma suposta união de artistas
baianos que dominariam a imprensa com favores e retaliações no intuito
de manter uma hegemonia na mídia da música produzida na região).
Marcelo Nova - Várias vezes. Ela existe, evidentemente. É que a palavra
"máfia do dendê" é uma maneira de tornar a coisa mais "engraçadinha",
quando ela não tem nada de engraçadinha. É a força do poder econômico,
de todos esses blocos emergentes da Bahia nesses últimos 10 anos, que se
uniram, fortaleceram e tentaram implantar um regime ditatorial musical.
É o poder econômico, não tem nada a ver com qualidade. É o poder da
grana. Por exemplo, para mim é muito mais fácil tocar em Xanxerê, em
Santa Catarina, uma cidadezinha pequenininha, do que tocar em Salvador
que é a terra em que nasci. Isso me envaidece, pois significa que meu
discurso continua incomodando. Se fosse indiferente, eu estaria lá, indo
e vindo facilmente. O fato de não ser aceito e existir uma corrente que
tenta impedir minha presença em Salvador de uma forma acentuada, do
ponto de vista artístico, é um elogio tremendo. Não quero ser aceito por
coisa nenhuma, por esse lance de clube dos baianos, não me interessa
isso. É um domínio da coisa obtusa regional. A idéia é "vamos dar as
mãos para que não surja nada que nos impeça de continuar sendo os donos
da bola". Eu não odeio o axé, apenas o desprezo.
A última e desnecessária polêmica de Caetano foi com o blogueiro de
aluguel da revista Veja, o chatíssimo Reinaldo Azevedo. Mas veja bem,
Caetano estava ali a defender uma imoralidade: o acesso da sua irmã
Bethânia a mais de R$ 1.300.000 do Ministério da Cultura para criar um
blog de poesia. Há mais coisa: segundo o jornalista Janer Cristaldo, em
2007, o mesmo Ministério da Cultura autorizou os produtores do músico
baiano Caetano Veloso a usar os benefícios fiscais da Lei Rouanet para
bancar os shows de divulgação de seu último CD, “Zii e Zie”. Disse ele:
“Caetano transferiu do meu, do seu, do nosso bolso, nada menos que R$
1,7 milhão, através do programa Bolsa-Gigolôs das Artes, também
conhecido como Lei Rouanet”.
Marrapaz, você que cantou certa vez esta jóia: “Me amarro a dinheiro
não/ À pele escura/ Dinheiro não/ À carne dura...”???!!! Caetano deveria
saber que esse tipo de coisa não dá pé. O que dá pé mesmo é um bom
samba como “
Pé do Meu Samba”! Ou então ele cantando a música do seu povo como faz brilhantemente aqui neste
vídeo.
Ontem como hoje, Caetano Veloso é beleza pura!