sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Deveria ser ao contrário.

Obrigada nada 'O céu é lindo...
Deveria ser ao contrário. A gente
Pisar nas estrelas e ficar olhando a terra de longe.


 
O céu estrelado. Acho que nunca vi tantas estrelas no céu como eu vejo agora nesse exato momento. Na cidade não tem tanta estrela assim no céu. Será que o fato de estar no meio do mato faz o céu se sentir mais tranquilo pra brilhar em paz?

Deitado na esteira, em semicontato com a terra, bem no meio do nada os sentidos ficam aguçados. Não é só a visão das estrelas. É a audição. É incrível como o silêncio faz um barulho ensurdecedor para aqueles que só sabem viver no caos. Sem buzina, sem TV, sem música, sem gritaria, sem barulho de trânsito, construção, sem alguém falando ao seu lado o silêncio parece mais barulhento. Os sons vens em modo estéreo. Incredible Surround Sound. Contemplar o barulho do silêncio é para poucos. Há quem se sinta entediado. Há quem precise o tempo todo de pelo menos uma TV ou som ligado. Talvez essas pessoas tenham medo dos seus próprios pensamentos. A caminho de casa, no metro, muitas vezes prefiro desligar o som do celular. Minha cabeça já faz barulho demais sozinha. Eu gosto do silêncio.

Eu volto a apreciar o silêncio após pensar tudo isso. E tento esvaziar minha cabeça de qualquer pensamento. Olhando para o céu, sentindo o vento, ouvindo as folhas, continuo a contemplar a incrível arte de não fazer nada.

A incrível arte de não fazer nada. Difícil apreciá-la sem culpa. Por que quando nos pegamos em um momento de ócio, vem logo aquela sensação de estar perdendo tempo? Por que nos sentimos culpados quando estamos sem nada para fazer, quando desmarcamos um compromisso porque queremos ficar deitados, ou quando preferimos ver TV ao estender a roupa no varal?Não atender o telefone  quando ele tocar. É como se separar um tempinho para não fazer tarefa alguma fosse um crime.

Normalmente se nos ligarem a essa hora e perguntarem o que estamos fazendo, nos sentiremos culpados de responder ‘nada’. Bang! Você foi pego! Nada, como nada? Você não tem nada pra fazer? Não, não tenho, estou apenas descansando pensando em absolutamente coisa alguma. Certamente do outro lado da linha quem ligou sentiria inveja, mas arrumaria um jeito de recriminar.

Eu estou deitado, olhando o céu, no meio do nada, descalço de pernas cruzadas, sem fazer nada. Eu deveria ter ido hoje ao Mercado (deveria ou apenas queria?), deveria ter atualizado pendências pessoais, escrito um texto. Mas cá estou de telefone, obrigação e corpo em modo off. Mente em modo on. Sempre.

Eu estou cheio de ter o que fazer e aqui estou cheio de coisas pra fazer. Como imaginar, por exemplo, como seria se fosse mesmo tudo ao contrário. Pisar nas estrelas e olhar o chão de longe, longe, longe...

Nenhum comentário:

Postar um comentário