quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

A Vida da Gente.

Sabe aquela expectativa de ver o capitulo no dia seguinte? Programar a sua vida, ansiosamente para ver a novela na televisão no horário certo? Pois é... Há muito tempo eu não vivia isso. Porém o que a internet tirou, “A vida da gente” veio resgatar.
O que mais tem me chamado a atenção na trama é ela ser bastante cinematográfica. Além de o roteiro ser impecável, as cenas muitas vezes falam só com imagens e isso é mérito da direção, que vem se mostrando imensamente sensível. Muitos pensam ao contrário, mas não me surpreendi com essa característica de Jayme Monjardim. Seus trabalhos sempre foram descaradamente românticos.

Já Lícia Manzo vem tratando sua criação com bastante delicadeza. A novela esta poética e o mais interessante é que consegue retratar com sucesso a vida da gente. E o que são os diálogos? Sensacionais! O melhor roteiro de tempos. E uma autora estreante conseguir essa façanha só reforça para a Rede Globo a necessidade de investir em novos autores.
 O momento em que a protagonista Ana (Fernanda Vasconcellos) descobre que ficou anos em coma, a passagem de tempo até o momento em que ela já fala e anda e a cena final em que Manu (Marjorie Estiano) diz que irá contar para a irmã sobre seu casamento com Rodrigo (Rafael Cardoso) foi uma junção de emotividades.
E por falar em atores, eles estão dando show. Já disse uma vez e repito: A Ana é a personagem da carreira da Fernanda. E a Marjorie? Falar dela é até besteira. Acho que já deve estar enjoada de receber elogios. Linda! Sensível e forte na medida certa. Extremamente radiante!
Eu acredito que o tema de “A vida da gente” seja o tempo, porque quando falamos em tempo nem sempre nos damos conta de como ele é o principal causador das mudanças da vida. Não percebemos isso porque vivemos todos os minutos que se passam. Mas e se de repente dormíssemos por anos? Como seria acordar e lidar com as mudanças sem ter vivido esse tempo?
E como seria renascer de novo? Ter que reaprender a movimentar o corpo, a comer, a andar a falar... E se da conta que as pessoas continuaram vivendo, mas vivendo em um mundo em que você não fazia mais parte. Lícia Manzo foi muito feliz na escolha de seu tema. E além de tudo o tem retratado em forma de poesia.
“A saudade de você era como uma entidade. Eu carregava a sua ausência em uma mochila fraca, de alça quase arrebentando. Porque mesmo morto ou acabado, era o seu amor que iluminava minha vida e por essa razão era preciso seguir. De joelhos, tropicando, suando frio, até o dia em que você decidisse voltar.” E Ana desperta.

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